UFC - Universidade Federal do
Ceará
Instituto UFC Virtual
Pró-Reitoria de Pós-Graduação
Coordenadoria de Pesquisa,
Informação e Comunicação de Dados
Divisão de Planejamento e Ensino
Curso: CFCT - Curso de Formação
Continuada de Tutores Turma 2012/2
Turma: T-21 - MEC/SECADI -
Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão
Aula 03 - Atividades Portfólio e
Chat - Análise dos 5 Pilares de Paulo Freire para a Comunicação
Coordenação - Dra. Raquel
Santiago Freire
Professor Formador: Fernando
Antonio de Castelo Branco e Ramos
Cursista: Raphael Alves Feitosa
Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/1488422394078457
Fortaleza, 06 de novembro de 2012
Análise dos 5 Pilares de Paulo Freire para a
Comunicação
Os cinco
pressupostos da pedagogia freireana, amor,
humildade, fé nos homens, esperança e um pensar crítico, podem ser encarados
como um contraponto às políticas neoliberais e as políticas meco-tecnológicas da
educação. Tais ideias tem um foco político, antevendo um interesse em formar
seres pensantes e críticos, voltados para a transformação dos problemas
existentes.
Como nos diz David
e Castro-Filho (2012)[1] “Esses
elementos estão na base de uma educação progressista e problematizadora e
iluminam a reflexão sobre processos de interação na EaD e as relações humanas
nela envolvidas” (p. 7).
No trabalho de David e Castro-Filho (2012) mostra que as TIC possuem um vasto
campo de aplicação para as ideias freireanas. Por exemplo, os autores apontam
para um tipo de linguagem que se manifesta de forma escrita, mas que é
profundamente marcado por traços de oralidade. Na linguagem virtual, esses
traços podem ser identificados “por meio do uso de emoticons, caixa
alta, repetição de sinais de pontuação etc.” (p. 7), que traduzem as emoções
dos interlocutores no texto das mensagens.
Na ótica
freireana, para se ter um diálogo sincero entre as partes, é preciso, a priori,
se ter uma predisposição ao diálogo. Para tanto é preciso aceitar o outro como
um legítimo outro, ou seja, considerar que o outro é seu semelhante e parceiro,
mesmo que ele tenha uma visão oposta a sua.
Na EaD pode-se aplicar o diálogo sincero como forma
de gerar um ambiente virtual propício para que os indivíduos possam se
desenvolver cognitivamente. Assim, é de suma importância o contrapondo suas
concepções individuais com as de seus iguais. Os itens do diálogo discutidos,
por exemplo, num portfólio ou num fórum, podem oferecer subsídios para avanços na
concepção dos alunos sobre o tema do curso.
Em minha
experiência como tutor da modalidade de EaD, dentre os cinco pressupostos da pedagogia de Paulo Freire,
os que mais procuro trabalhar com os alunos são a esperança e o pensar crítico.
O primeiro denota a possibilidade e o dever que os seres humanos possuem para
si mesmo e com os outros entes (vivos e não-vivos). Ora, se considerarmos que
somos a causa dos grandes problemas socioambientais que assolam o planeta, nada
mais justo do que pensarmos, e termos fé, de que também somos uma parte
importante da solução. No segundo busco suscitar discussões em torno da apropriação
neoliberal e conservadora das teorias críticas, como a freireana, a vygotskyana, entre outras, pelas doutrinas e teorias que visam à apropriação
de uma força intelectual no sentido eminentemente produtivista/desenvolvimentista.
Muitos cursos utilizam a EaD de forma acrítica, esquecendo os fatores socioeconômicos e políticos que são subjacentes
ao uso crescente dessa modalidade de educação, como por exemplo, a redução de
custos na educação[2].
A esse respeito, Mill e colaboradores (2008) denunciam as precárias condições
em que os trabalhadores da EaD são submetidos. E seus resultados, os autores
apontam a preocupação com:
[...] condições de trabalho,
remuneração, quantidade de alunos por docente, falta de proteção trabalhista e
atenção pedagógica. Exemplo desse quadro encontra-se no relato de uma
professora da área da saúde que afirmou ter assumido três turmas (60 alunos por
turma) de forma induzida, sendo remunerada no valor equivalente a uma hora/aula
semanal para cada 60 alunos. A participante comentou que isso era insuficiente
para atender a todas as demandas dos alunos e também que não encontra
possibilidades de não aceitar esta tarefa.
Uma professora universitária diz que, na
instituição em que trabalha, os professores, tutores ou plantonistas são
jogados nas disciplinas com muitos alunos. Argumenta que isso ocorre porque a
preocupação pedagógica com a formação é mínima. (p. 63).
[1]
DAVID, Priscila Barros; CASTRO-FILHO, José Aires de. Sistema de análise
de interações contingentes: uma contribuição para práticas interativas em
cursos a distância. Revista
e-curriculum,
São Paulo, v.8, n.1, abril, 2012. Disponível em: http://revistas.pucsp.br/index.php/curriculum>. Acesso em 06 nov. 2012.
[2]
Cf. MILL, Daniel Ribeiro; SANTIAGO, Carla Ferreti; VIANA,
Inajara de Salles. Trabalho
docente na educação a distância: condições de trabalho e implicações
trabalhistas. Revista extra-classe, n. 1, v.1, Fevereiro 2008. Disponível em: < http://www.sinprominas.org.br/imagensDin/arquivos/341.pdf
>. Acesso em 06 nov. 2012.
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