terça-feira, 6 de novembro de 2012

Análise dos 5 Pilares de Paulo Freire para a Comunicação



UFC - Universidade Federal do Ceará
Instituto UFC Virtual
Pró-Reitoria de Pós-Graduação
Coordenadoria de Pesquisa, Informação e Comunicação de Dados
Divisão de Planejamento e Ensino


Curso: CFCT - Curso de Formação Continuada de Tutores Turma 2012/2
Turma: T-21 - MEC/SECADI - Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão


Aula 03 - Atividades Portfólio e Chat - Análise dos 5 Pilares de Paulo Freire para a Comunicação


Coordenação - Dra. Raquel Santiago Freire
Professor Formador: Fernando Antonio de Castelo Branco e Ramos





Cursista: Raphael Alves Feitosa








Fortaleza, 06 de novembro de 2012

 







 

Análise dos 5 Pilares de Paulo Freire para a Comunicação


Os cinco pressupostos da pedagogia freireana, amor, humildade, fé nos homens, esperança e um pensar crítico, podem ser encarados como um contraponto às políticas neoliberais e as políticas meco-tecnológicas da educação. Tais ideias tem um foco político, antevendo um interesse em formar seres pensantes e críticos, voltados para a transformação dos problemas existentes.
Como nos diz David e Castro-Filho (2012)[1] “Esses elementos estão na base de uma educação progressista e problematizadora e iluminam a reflexão sobre processos de interação na EaD e as relações humanas nela envolvidas” (p. 7).
No trabalho de David e Castro-Filho (2012) mostra que as TIC possuem um vasto campo de aplicação para as ideias freireanas. Por exemplo, os autores apontam para um tipo de linguagem que se manifesta de forma escrita, mas que é profundamente marcado por traços de oralidade. Na linguagem virtual, esses traços podem ser identificados “por meio do uso de emoticons, caixa alta, repetição de sinais de pontuação etc.” (p. 7), que traduzem as emoções dos interlocutores no texto das mensagens.
Na ótica freireana, para se ter um diálogo sincero entre as partes, é preciso, a priori, se ter uma predisposição ao diálogo. Para tanto é preciso aceitar o outro como um legítimo outro, ou seja, considerar que o outro é seu semelhante e parceiro, mesmo que ele tenha uma visão oposta a sua.
Na EaD pode-se aplicar o diálogo sincero como forma de gerar um ambiente virtual propício para que os indivíduos possam se desenvolver cognitivamente. Assim, é de suma importância o contrapondo suas concepções individuais com as de seus iguais. Os itens do diálogo discutidos, por exemplo, num portfólio ou num fórum, podem oferecer subsídios para avanços na concepção dos alunos sobre o tema do curso.
Em minha experiência como tutor da modalidade de EaD, dentre os  cinco pressupostos da pedagogia de Paulo Freire, os que mais procuro trabalhar com os alunos são a esperança e o pensar crítico. O primeiro denota a possibilidade e o dever que os seres humanos possuem para si mesmo e com os outros entes (vivos e não-vivos). Ora, se considerarmos que somos a causa dos grandes problemas socioambientais que assolam o planeta, nada mais justo do que pensarmos, e termos fé, de que também somos uma parte importante da solução. No segundo busco suscitar discussões em torno da apropriação neoliberal e conservadora das teorias críticas, como a freireana, a vygotskyana, entre outras, pelas doutrinas e teorias que visam à apropriação de uma força intelectual no sentido eminentemente produtivista/desenvolvimentista. Muitos cursos utilizam a EaD de forma acrítica, esquecendo os  fatores socioeconômicos e políticos que são subjacentes ao uso crescente dessa modalidade de educação, como por exemplo, a redução de custos na educação[2].
A esse respeito, Mill e colaboradores (2008) denunciam as precárias condições em que os trabalhadores da EaD são submetidos. E seus resultados, os autores apontam a preocupação com:
[...] condições de trabalho, remuneração, quantidade de alunos por docente, falta de proteção trabalhista e atenção pedagógica. Exemplo desse quadro encontra-se no relato de uma professora da área da saúde que afirmou ter assumido três turmas (60 alunos por turma) de forma induzida, sendo remunerada no valor equivalente a uma hora/aula semanal para cada 60 alunos. A participante comentou que isso era insuficiente para atender a todas as demandas dos alunos e também que não encontra possibilidades de não aceitar esta tarefa.
Uma professora universitária diz que, na instituição em que trabalha, os professores, tutores ou plantonistas são jogados nas disciplinas com muitos alunos. Argumenta que isso ocorre porque a preocupação pedagógica com a formação é mínima. (p. 63).



[1] DAVID, Priscila Barros; CASTRO-FILHO, José Aires de. Sistema de análise de interações contingentes: uma contribuição para práticas interativas em cursos a distância. Revista e-curriculum, São Paulo, v.8, n.1, abril, 2012. Disponível em: http://revistas.pucsp.br/index.php/curriculum>. Acesso em 06 nov. 2012.
[2] Cf. MILL, Daniel Ribeiro; SANTIAGO, Carla Ferreti; VIANA, Inajara de Salles. Trabalho docente na educação a distância: condições de trabalho e implicações trabalhistas. Revista extra-classe, n. 1, v.1, Fevereiro 2008. Disponível em: < http://www.sinprominas.org.br/imagensDin/arquivos/341.pdf >. Acesso em 06 nov. 2012.

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